terça-feira, 2 de agosto de 2011

Quem voce pensa que é?

Todos nós temos uma forma de vestir, de falar, crenças e opiniões sobre assuntos diversos que acreditamos nos serem particulares. Que nos fazem ser quem somos e nos diferencia do outro. Modos diferentes de ver as coisas e de agir que garantiria nossa individualidade. Acreditamos arrogantemente que somos únicos e autênticos. Porém, sinto muito informar que tudo o que nos torna nós mesmos e que nos diferencia, não surgiu do nosso interior, da nossa vontade em particular, e sim do outro. Do exterior.
Quando nascemos, o mundo já está pronto. O nome de tudo já está determinado, as regras e a forma de nos relacionar com as outras pessoas e até em que acreditar e o modo de construção de nossas idéias não fomos nós que inventamos. Nosso pensamento, que julgamos inocentemente ser livre, está ancorado por um lado na carga dura e brutal dos valore culturais, a Moral. Por outro, é mascarado por idéias tidas como nossas, mas que adquirimos passivamente e nos alienam, as ideologias que nos ensinou Marx. E ainda por outro lado, nosso pensamento é influenciado por nossas pulsões inconscientes. O homem não é dono de si mesmo.
E o que é realmente seu? O que você tem que define sua individualidade? Não é sua forma de pensar. Não são suas necessidades, muito menos seus valores morais. Não é sua aparência. Tudo já fora pensado, medido e convencionado. Não são suas crenças.
Quem é o ventríloquo do seu pensamento? Quem puxa as cordas de sua vontade? Eu o desafio a procurar uma resposta.
 E o mais assustador de tudo, é que identificamos como sendo “eu”, apenas uma parte pequena do que somos. Nossa consciência. Mas essa é apenas uma parte de nosso ser, somos mais do que isso. Não nos conhecemos e nem desconfiamos.  Talvez essa seja uma boa resposta para quando te perguntarem: “Quem é você?”. Talvez a resposta mais correta seja: “Me desculpe, mas eu não sei. Não me conheço.”

terça-feira, 14 de junho de 2011

Processo de formação de idiotas escolarizados.

Bom, faz um tempo que não escrevo nada. Ando meio sem tempo e sem vontade. Até escrevi alguma coisa, mas nada que valha a pena publicar. Coloco um desenho do Ryotiras. Que esse sim merece aplauso.
Um site de tiras sensacional, que nos faz pensar. Essa para mim é uma das melhores. Muito ilustrativa.
Segue o link da tira: Idiocracia.

Já se foi o dia em que uma escola, independente do  nível de instrução lecionado, tinha a função de formar pessoas. O curso superior principalmente. A tarefa era ensinar o estudante a pensar, desenvolver o senso crítico e instruí-lo acerca da vida e do conhecimento em geral. 
Hoje o modelo de ensino é outro. A ideia básica é: "Como formar um profissional, com o mínimo de investimento possível?" E a resposta é bem simples. São formados currículos, reles empregados, ferramentas. Esses tem  um conhecimento limitado estritamente ao seu objeto de estudo. 
O grande desarranjo, é que o indivíduo é levado a dedicar seu tempo em estudar um único modelo de pensamento, e não tem sequer disposição para investir em uma matéria que inevitavelmente será importante pra sua carreira e até para sua vivência, mas que não está relacionada no currículo. Outra dificuldade é que dificilmente a resolução de qualquer problema envolve apenas uma área. O estudante sequer entende a relevância de aprender acerca de outras ciências.
Então, dos portões da universidade sai o coitado. Munido apenas de um folha de papel com seu nome e uma  arrogância que apenas os desprovidos de qualquer sabedoria carregam. Desconhece tudo o que horizontaliza a visão e o modo de pensar de um homem. Mede as sombras da caverna, conhece os horários e a frequência com que aparecem. Pesquisou os formatos mais comuns, os sons característicos e tudo mais que pode mensurar através das sombras. Mas jamais desatou as correntes que o prendem. E insiste, soberbo, de chamar de loucos e assassinar, os livres espíritos que conseguiram ver através da luz. Pobre idiota.

segunda-feira, 23 de maio de 2011

Seja um de nós!

Sente um vazio na alma? Falta de sentido na vida? Não se preocupe, é sua aparência.
Use nossas roupas, compre nossas calças, experimente nossos sapatos, use nossas camisas se vista como nós, pareça como nós, cheire como nós, seja como nós. Não somos uma marca, somos um estilo de vida. Faça parte do nosso seleto grupo. Anuncie nossos produtos na sua camiseta, na sua calça, na sua personalidade.
Ainda é pouco? Não se preocupe, temos a solução. Use nosso penteado. Esticamos, cortamos, pintamos. Aumentamos, diminuímos, alisamos, enrolamos, arrepiamos.
E quanto ao seu rosto? Isso é fácil. Repuxamos, cortamos, esticamos, moldamos. Diminuímos, aumentamos, quebramos, tiramos, colocamos, paralisamos, afinamos, elevamos, alargamos, deformamos.
Empinamos os narizes, elevamos as sobrancelhas, tiramos as rugas, aumentamos os lábios. Afinamos os rostos, delineamos os olhos, paralisamos sua face. Não garantimos expressões, mas garantimos a aparência.
Mas seu corpo te preocupa? Nós resolvemos isso. Tiramos, colocamos, alargamos, diminuímos, levantamos, moldamos, fortalecemos, criamos.
Aumentamos seus peitos, arredondamos sua bunda, delineamos suas coxas, recauchutamos sua vagina, aumentamos seu pênis, diminuímos sua cintura te fazemos mais magra. Tudo que estiver em excesso nós retiramos, o que faltar, fazemos uma versão melhor de silicone.
Agora que já tem nosso uniforme e nossa aparência, pode cantar nossos hinos e participar de nossas cerimônias. Seus problemas individuais de emoção e personalidade, não existirão mais! Porque você deixará de ser quem é para ser mais um de nós! Meus parabéns!
Porque afinal a grande verdade desse mundo é que :

“O mundo trata melhor quem se veste bem.” “De um jeito ou de outro todo mundo usa.” “Uma idéia comprada desde 1850.” “ Seja bem visto.”  “Deixe a pessoa que você era para trás.” “Tudo que você quer ser.” “Leve vantagem em tudo.” “É tudo que você precisa.” O melhor da vida”. “Viva o que é bom.” “Só chega à perfeição quem pratica a perfeição.” “A primeira impressão é a que fica.” “O melhor pra você.” “Porque você merece.

sexta-feira, 20 de maio de 2011

Como se viver fosse grande coisa...

É complicado entender como uma coisa natural que acontece o tempo todo, todos os dias, e freqüentemente perto de nós pode nos chocar tanto. Falo da morte.
Todos e tudo que esta vivo vai morrer, tudo o que vive morre. Deveria ser algo corriqueiro quando alguém morresse. É natural, a única coisa que varia é que uns levam mais ou menos tempo, mas o resultado é o mesmo. Há pessoas que sequer conseguem olhar para um corpo sem vida, ou para um animal sendo sacrificado.
Quando ficamos tão idiotas? É algo delirante a negação da realidade de que nossas vidas não têm a menor importância. Simples assim. Na verdade a vida de ninguém tem importância. As pessoas que nunca existiram ou que já morreram tem de concordar comigo. A falta da existência delas não faz a menor diferença. Existem mais criaturas e espécies mortas do que vivas.
Mas queremos no sentir maiores do que isso. Quem é que quer admitir que sua própria vida não vale nada? Mas é assim que é. Supervalorizamos essa coisa toda de: vida, direito à vida, santidade da vida. Bobagem. Vida essa que não tem mais importância do que a da barata que exterminamos com todo o prazer. Mas gostamos de pensar de forma diferente. É óbvio o porque: estamos vivos, e somos humanos. Temos a mania de engrandecer as coisas por pura conveniência, puro interesse. Não estamos nem aí quando ficamos sabendo que 100 mil pessoas morreram por causa de uma merda qualquer, o que nos preocupa na verdade é como a morte dessas pessoas pode nos afetar, e que na próxima vez nossos nomes possam estar incluídos na contagem.
Eu particularmente estou cagando. Pode morrer o tanto que for, no Iraque, na Sérvia,ou em qualquer lugar longe que seja, não tenho a menor ligação afetiva com ninguém desses lugares. Se não me toca o fato de tanta gente já estar morta, porque haveria eu de me preocupar com as que estão morrendo se também não as conheço, e principalmente se isso é natural? A morte de pessoas queridas dói, nos faz sentir saudades delas e do prazer que a existência delas no proporcionava, apenas isso. É subjetivo, faz falta para nós individualmente. Mas para humanidade, para a sociedade ou para a vizinhança, morrer não faz a menor diferença.

terça-feira, 10 de maio de 2011

Esperemos....

Trancados em caixas de concreto,
Esperamos.
Em meio ao cinza de nossas ruas,
E ao barulho de nossos carros,
Esperamos.
Em meio à rotina chata de nossas vidas
Entre pausas de cigarros e
Bebedeiras injustificáveis,
Esperamos.
Em meio ao silêncio dos responsáveis
E aos gritos dos inocentes,
Esperamos.
Esperamos
Algo que de sentido à nossa existência
Algo de extraordinário
Em meio à nossas vidas ordinárias,
Esperamos.
E nos dias que se arrastam longos
Em meio à espera,
Mais uma vez
Morremos.

domingo, 24 de abril de 2011

A morte de nosso herói.

Mas porque raios comemoramos a morte de um cara? Obviamente não comemoramos o fato de que ele esteja morto, mas o ritual perante um assassinato brutal não me parece saudável. Os moralistas repudiam violência na televisão e nos jogos de vídeo game argumentando que não faz bem para as crianças, mas colocam seus filhos frente a uma cena aterrorizante: a tortura e crucificação de um homem. É difícil imaginarmos visão mais cruel do que a do teatro encenado em cada cidade e a do filme exibido repetidamente e insistentemente nos canais de televisão aberta.
O símbolo por si já é deprimente. Uma cruz, e freqüentemente com um homem preso a ela. Faz-me pensar em uma pergunta, desconheço a autoria, que diz: “Se Cristo fosse eletrocutado, andaríamos com replicas de cadeiras elétricas penduradas em nossos pescoços?” Eu olho para o objeto preso à parede da sala de casa, e me choco. A religião é algo que deve nos confortar e acalmar nossas angustias perante o sofrimento irremediável da vida. Mas ao ver essa cena, isso apenas me deprime. O culto a essa morte nos amedronta. Serve para lembrar que nosso Deus não é tão bom quanto pensamos.
 Como podemos ter um ritual de morte como algo sagrado? Não me venha com a história de que cristo “morreu para pagar nossos pecados” como justificativa, pois é essa a parte mais desumana. Matamos um cara para sermos perdoados por Deus? Então, no século XXI aceitamos um sacrifício humano na nossa cultura com naturalidade? Tal homicídio foi justificado? O que justificaria um assassinato brutal de um inocente? Apenas para esclarecer, quando uso o termo “nós”, não digo os católicos ou cristãos, porque não faço parte de nenhum dos dois grupos. Mas generalizo porque trato de nós, os ocidentais. Nossa cultura foi fundamentada no cristianismo. O Brasil é um país cristão.
O que parece é que somos mais apegados a tradições medievais do que imaginamos. A forma de pensar quando assumimos que o assunto é religião muda completamente em relação ao que pensamos no dia-a-dia. Crimes brutais nos chocam, e jamais aceitamos justificativas para isso. Mas em um caso em especial, é diferente. Jesus foi brutalmente torturado e assassinado e sequer seus apóstolos tiveram a decência de fazer algo para defendê-lo. Ao contrário, mentiram e se esconderam, permitindo uma injustiça. Judas Iscariotes foi o único que teve alguma dignidade e se matou, incapaz de lidar com a situação. 

quinta-feira, 7 de abril de 2011

Dias longos, vida curta.

Nossas vidas são um saco. É isso, não tem outra. Sempre pensamos que diferente dos outros, nós sabemos aproveitar a vida. Sabemos nada, os dias passam sem que percebamos e no fim das contas somos apenas um bando de velhos chatos e ranzinzas. Passando por uma loja de animais, fico olhando um pequeno roedor  que corre sem parar dentro de uma rodinha de metal. E me pergunto como que esse animal consegue correr o dia todo sem sair do lugar? Então me lembro que estou atrasado, preciso correr...
Estamos todos nessa elaborada rodinha de hamster que é a nossa rotina. Não me venha com essa de “carpe diem” de “viver a vida intensamente” que isso é papo furado de livro de auto-ajuda vagabundo. Coisa ridícula. Até parece que podemos aproveitar o dia entre filas de caixas e viagens de pé em ônibus lotados em um trânsito infernal. Entre chefes chatos e pessoas sem educação. Estamos apenas tentando garantir nosso sustento (e também umas garrafas de cachaça pra poder agüentar a vida). Simples assim. Na maior parte do tempo, fazemos coisas de que não gostamos, para comprar coisas que não precisamos com o dinheiro que não temos.
“Mas então a vida não tem sentido?” Que história é essa? Porque raios as coisa tem obrigatoriamente que ter sentido, que ter razões. Não há razão em viver, apenas estamos vivos. Sem razões, sem motivos, sem porquês. Qual a razão do carro chamar carro, e da mesa chamar mesa? Nenhuma, eles apenas tem esses nomes. Qual o motivo de termos 5 dedos? Não existe motivo, é assim que somos e pronto. As pessoas precisam aceitar os fatos e parar de exigir razões. E aceitar as coisas como realmente são ao invés de acreditar em uma fantasia romântica. É por isso que existe tanta gente “desmotivada”, sem “razões para viver”. Estamos vivos porque estamos vivos. E vivemos para continuarmos vivos. É por isso que agüentamos as filas, os ônibus, os chefes e o transito. Por isso agüentamos firmes nas nossas vidinhas sem graça. Porque precisamos garantir que continuaremos vivos. Isso é muito mais importante do que “fazer a vida valer a pena”. Mais de 90% do nosso tempo é uma chatice sem tamanho. Mas nos 10% é realmente bom. A meu ver, 10% valem mais do que nada. Mas por favor, pare de choramingar, e vá se distrair em sua rodinha. 

domingo, 27 de março de 2011

Daniel....

Daniel, Daniel,
não se mate.
Sua solidão, sua melancolia.
Sua irritação corriqueira,
Seu tédio, sua chatice.
Não se engane,
São duradouros.
Mas nos dias que se arrastam longos,
há poucas horas de bom tempo.
Pedras mínimas de ouro
Que catadas com cuidado,
Fazem valer à pena.
Não sei o que.
Fique firme Daniel.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Termos Ridículamente Corretos.

Porque tudo o que vamos fazer tem que ser coberto por uma camada de hipocrisia? Como se já não bastasse termos que fingir que gostamos de coisas e de pessoas de quem não gostamos e assumir posturas com as quais não concordamos, agora também temos que “enfeitar” nossas palavras, para soarem mais “aceitáveis” aos ouvidos sensíveis dos hipócritas.
Para começar, não existem mais negros, essa palavra é proibida. Agora são “afro-descendentes”. O que há de errado com a palavra “negro”? Uma ofensa depende do contexto e da forma em que se usa o termo. E que raios significa “afro-descendente”? Somos brasileiros! Todos nós somos afro-descendentes! Todos temos uma descendência genética, e nos raros casos em que esta não existe, existe ainda a descendência cultural que é muito mais importante!
Não existem mais aleijados. São “deficientes físicos”. Aleijados, um termo que está na bíblia cristã. "Jesus curou os aleijados." Palavra simples, direta. Não diminui o valor de ninguém.  Cegos agora são “deficientes visuais”.  E os viciados?  Agora são “pessoas com transtorno do abuso de substâncias”. Que porra é essa? Parece que é algo mais tranqüilo, corriqueiro.  –Verdade que você é viciado em crack?  - Não, eu tenho transtorno do abuso de benzoilmetilecgonina. - Ah, que susto! Achei que você fumava pedra. -É, eu fumo. Mas não sou viciado.
Não existem mais pobre, agora são “pessoas de baixa renda”, não existem mais gordos, agora são “acima do peso”. Os anões acabaram. São “pessoas de baixa estatura”. Velhos agora são “indivíduos da terceira idade” ou pior ainda “da melhor idade”. Envelhecer faz parte da vida. É algo natural. Morrer também é. Mas esqueci que as pessoas não morrem, elas “vão para um lugar melhor”. E também não cagam, elas “evacuam”. Termo ótimo! Apenas dá a impressão de que as merdas estão saindo desesperadas de um prédio que está sendo demolido.
-Ah, mas são termos pejorativos! - Choram os imbecis de plantão. Não. São termos bem esclarecidos que definem condições. Não há nada de errado nisso. Ao contrário, é por isso que devemos usá-las. Facilitam o entendimento. Mas não, todos preferem usar nomes longos e confusos que nos fazem não ter idéia nenhuma sobre o que tratam.  Mas que de alguma forma, esses termos vazios de significado, amansam os humores de um bando de chiliquentos que não suportam lidar com as coisas da forma que elas realmente são. Mas isso também tem outra justificativa para essas pessoas. É que também não existem mais pessoas burras. Agora são “indivíduos com dificuldades no aprendizado”. Sorte deles.



quarta-feira, 16 de março de 2011

Definições

Criamos nomes e definições para facilitar o entendimento das coisas. Quando alguém nos fala sobre uma bicicleta, a nome “bicicleta” junto com o significado da palavra, nos faz entender sobre o que o indivíduo trata. Apesar de que nunca vamos imaginar o mesmo objeto da mesma forma que outra pessoa. Pois bem.
Então damos qualidades às coisas. Algo é bonito, feio, grande, pequeno, largo, pesado, colorido, comprido, útil, adequado, caro, conveniente, difícil, barulhento, chato, demorado e por aí vai. Porém o que muita gente não sabe, é que por si só, essas palavras não fazem nenhum sentido. Os adjetivos são sempre termos comparativos, e muitas vezes subjetivos. Algo é bonito, dependendo da minha definição de beleza e em comparação com as coisas que pra mim são feias. Algo é pesado, em comparação com o que é leve, e baseado no meu entendimento do que seja pesado.
Isso nos traz algumas complicações. Por exemplo, o que é "PERFEITO"?  Não temos nenhum padrão de comparação. Não há nada que tenha por característica ser completo em todos os sentidos. Não temos conhecimento absoluto para dizer que algo é ausente de defeitos. É apenas um termo vago que usamos quando queremos dar ênfase em alguma característica. O mundo não é perfeito. A natureza não é perfeita. Deus, em nenhuma forma de crença ou entendimento, pode ser perfeito. Pelo simples fato de que não temos parâmetro de comparação. Perfeição é apenas uma idéia. O platô das qualidades.
O "Tudo ou nada" não existe na realidade. São símbolos dos extremos. O que existe é o espectro entre os limites de todas as características. Nada é completamente belo ou completamente feio. Nada é totalmente certo ou totalmente errado. Tudo não passa de definição e classificação. Criamos essas idéias, com o simples intuito de facilitar a comunicação e o entendimento.
Mas você pode argumentar comigo, que algo pode sim ser completamente ruim. Como estuprar crianças. Porém, para nós é difícil extrapolar os limites da ética e da preservação da vida para imaginar uma forma em que isso seja “menos ruim”. Isso para os seres humanos normais é sempre ruim. Devido à compaixão inerente à nossa espécie. Mas também não é o limite do ruim. O que digo, não é que algo não possa ser apenas ruim, ou apenas bom, por exemplo. Mas que precisa de comparação. E sempre pode ser mais extremo. (Pior, melhor ,mais bonito ,mais feio...)
Por isso, desacredito qualquer tipo de “plano superior” de que qualquer coisa seja “especial” ou sequer “extraordinária”. Tudo é apenas um conjunto de “o quês” com “quems” em um “aonde”. Todo o resto fica por conta da probabilidade e da forma com que definimos e interpretamos as coisas. O mundo é  simplesmente caótico.

domingo, 13 de março de 2011

Quem gosta de poemas?

De pé no ponto de ônibus
Acendo um cigarro
Bebo um café
E invoco um poema que
Sei que vou esquecer
Surdo pelo barulho
Pessoas conversam
Um carro buzina
Uma menina chora
Penso nela por um instante
Decido não pensar mais
Penso em minha mãe,
Sinto falta dela,
 minha família.
Olho uns rostos
Umas bundas
Tudo o que tenho está comigo
Alguns trocados
Que vão me garantir até o fim de semana
Uns papeis velhos
o maço de cigarros.
Acabo meu cigarro vagabundo
Bebo meu café sem doce
Esqueço o poema
O ônibus chegou
Afinal,
 quem é que gosta de poemas?

terça-feira, 22 de fevereiro de 2011

Novo Desenho.

Tenho desenhado pouco recentemente. Ando meio ocupado. Talvez até mais desanimado do que ocupado. Fiz alguns outros, mas ficaram ruins e eu acabei por jogá-los fora. Mas assim que minha rotina se normalizar, pretendo desenhar mais. É algo que me deixa feliz.
Esse é o meu amigo Lucas José, "O Urso". Amigo meu de grande sensatez e sabedoria. Uma singela homenagem.

Em maior aumento:


Eu realmente gostei desse desenho. Ficou bem real. Acho que melhorei bastante com as sombras, apesar de ter feito outro que não ficou bom. Em breve tentarei novamente e posto o resultado aqui.

quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Ambientalismo idiota e Geoge Carlin



Há tempos que eu pretendia escrever sobre essa estúpida onda ambientalista nos últimos tempos. A preocupação com um efeito estufa que é natural e que não temos tecnologia e nem conhecimento para afirmar se seu agravamento é natural ou causado pelo ser humano. Não podemos afirmar sequer se está se agravando, pois os parâmetros e os tipos de medições são imprecisos e não têm metodologia. Não podemos afirmar também quais serão as consequências do mesmo. Mas fica óbvio o interesse econômico em afirmar que ele é real. Afinal, pesquisas que tentam provar que não é preciso alvoroço em relação ao aquecimento global, são boicotadas e não conseguem financiamento. É um modo fácil de se plantar uma meia verdade.
Além disso, esses hipócritas idiotas estão por aí gritando em prol dos animais, quando na verdade, não temos a menor idéia de como lidar com a natureza. Mas não quero ser redundante, me lembrei de um vídeo de um dos mais geniais comediantes de todos os tempos. Como já o citei no último post, seria conveniente apresentá-lo.George Carlin nasceu em Nova Yorque em 1937. Um crítico social ferrenho, ateu e com um humor inteligente e ácido. Um anti-herói. Um gênio da contracultura. Já assisti quase todos seus vídeos, sou um grande fã. Nada que eu explique aqui vai esclarecer o quanto ele estava à frente do seu tempo. Aproveitem.


Nem eu conseguiria ser tão claro quanto o que eu penso sobre isso. Na primeira vez que vi o vídeo, uns dois anos atrás, me identifiquei fortemente. Inclusive nos argumentos e na metodologia argumentativa. O vídeo é da década de 80, e ainda se mantém incrivelmente atual. Salve Carlin!

terça-feira, 8 de fevereiro de 2011

Pequenos estúpidos, futuros grandes estúpidos.

Qual o motivo de superestimarmos a importância de nossas crianças? Bom, até para mim, essas palavras soam como se fossem um tipo de sacrilégio. Mas pense bem, o que esses pequenos têm de tão especial para serem considerados pequenos anjos, pequenos deuses, o sentido da vida? Não passam de indivíduos de olhos grandes, cabeças desproporcionais e motoramente descoordenados.
São protótipos de adultos em fase de teste, de adaptação. O que há de sagrado nesses pequenos? Obviamente não devemos ver neles pequenos adultos como era costume no passado, mas também não são nada além de pessoas. Têm necessidades diferentes dos adultos, que devem ser respeitadas. Apenas isso. De resto, são sem graça, dependentes e ignorantes. Somado a isso um casal de pais superprotetores e que exageram positivamente nas capacidades limitadas de sua prole, e você terá a receita perfeita para a família mais chata que pode existir na terra. E começa a estupidez:
- O Joãozinho é tão inteligente! Ele é muito esperto para a idade dele! Ele me faz cada pergunta inteligente! Ele é tão especial!
Você olha para o menino e pensa: O que há de especial nele? Na verdade tem até pena. Apesar do cabeção e dos seus sete anos, você não consegue ter um diálogo simples com ele. O menino é um completo idiota. Ele berra e se movimenta descoordenadamente o tempo todo. Você sabe do fundo de sua intuição que se ele tiver sorte, vai conseguir um emprego que não dependa muito de seu intelecto. É claro que existem crianças realmente especiais. Crianças inteligentes, interessantes, que sabem ser convenientes e sabem conversar. Mas não é o caso da maioria. Muito menos do Joãozinho.
E porque hoje os pais não deixam o fudido do menino em paz? Colocam-no em escolas de inglês, escolas de caratê, escolas de futebol, escolas de música, escolas de informática e por aí vai. Isso além da escola regular em tempo integral. Porque não deixam o pobre coitado atoa. Crianças devem brincar. Fazer suas obrigações e depois aproveitar o tempo da maneira que quiserem. Vai ser a única fase da vida que terão esse privilégio. Como nos diz o brilhante George Carlin: “não vemos mais um menino sentado na terra, fazendo um buraco no chão com um graveto. Ele olha o buraco, olha o graveto, e se diverte. Acho que nem devem existir mais gravetos. Todos devem ter sido recolhidos por erros de fabricação.”
Supervalorizar as crianças não tem sentido nenhum. Na verdade é prejudicial. É ruim para o garoto, porque carrega expectativas que não conseguirá atender. E também para os pais que se decepcionarão ao ver que o futuro fabuloso que desenharam em suas mentes para seus descendentes fora apenas ilusão. Crianças são apenas crianças. Com suas sandices, suas brincadeiras e imaginações. E devem ser tratadas como tal. A maioria não passa de pequenos indivíduos idiotas e chatos, que se tornarão, com sorte, adultos ignorantes, chatos e fracassados. Assim como a maioria.