domingo, 24 de abril de 2011

A morte de nosso herói.

Mas porque raios comemoramos a morte de um cara? Obviamente não comemoramos o fato de que ele esteja morto, mas o ritual perante um assassinato brutal não me parece saudável. Os moralistas repudiam violência na televisão e nos jogos de vídeo game argumentando que não faz bem para as crianças, mas colocam seus filhos frente a uma cena aterrorizante: a tortura e crucificação de um homem. É difícil imaginarmos visão mais cruel do que a do teatro encenado em cada cidade e a do filme exibido repetidamente e insistentemente nos canais de televisão aberta.
O símbolo por si já é deprimente. Uma cruz, e freqüentemente com um homem preso a ela. Faz-me pensar em uma pergunta, desconheço a autoria, que diz: “Se Cristo fosse eletrocutado, andaríamos com replicas de cadeiras elétricas penduradas em nossos pescoços?” Eu olho para o objeto preso à parede da sala de casa, e me choco. A religião é algo que deve nos confortar e acalmar nossas angustias perante o sofrimento irremediável da vida. Mas ao ver essa cena, isso apenas me deprime. O culto a essa morte nos amedronta. Serve para lembrar que nosso Deus não é tão bom quanto pensamos.
 Como podemos ter um ritual de morte como algo sagrado? Não me venha com a história de que cristo “morreu para pagar nossos pecados” como justificativa, pois é essa a parte mais desumana. Matamos um cara para sermos perdoados por Deus? Então, no século XXI aceitamos um sacrifício humano na nossa cultura com naturalidade? Tal homicídio foi justificado? O que justificaria um assassinato brutal de um inocente? Apenas para esclarecer, quando uso o termo “nós”, não digo os católicos ou cristãos, porque não faço parte de nenhum dos dois grupos. Mas generalizo porque trato de nós, os ocidentais. Nossa cultura foi fundamentada no cristianismo. O Brasil é um país cristão.
O que parece é que somos mais apegados a tradições medievais do que imaginamos. A forma de pensar quando assumimos que o assunto é religião muda completamente em relação ao que pensamos no dia-a-dia. Crimes brutais nos chocam, e jamais aceitamos justificativas para isso. Mas em um caso em especial, é diferente. Jesus foi brutalmente torturado e assassinado e sequer seus apóstolos tiveram a decência de fazer algo para defendê-lo. Ao contrário, mentiram e se esconderam, permitindo uma injustiça. Judas Iscariotes foi o único que teve alguma dignidade e se matou, incapaz de lidar com a situação. 

5 comentários:

  1. bacana o texto....é sempre bom ler, pois é um tempo q paro pra refletir !! ta de parabens mesmo pelo blog Barroso! e cmo conversamos muito sobre esse filme, vai uma dica para os leitores desse blog e especial sobre o tema do texto: zeitgeist...é um documentário no mínimos intrigante....vale a pena ! abraços

    ResponderExcluir
  2. Putz... seus argumentos são indiscutivelmente consistentes, e se eu não tivese uma base religiosa sólida deixaria me convencer por completo por suas palavras. Entretanto, eu concordo com vc em muitos aspectos. Desde pequeno me questiono porque eu era "obrigado" a ver essas cenas de crueldade explícita nessa época do ano, já cheguei até a ter medo de Cristo ao ver aquela imagem totalmente desfigurada, sofrendo para redimir a humanidade. Hoje com a maturidade que construi diante à religião consigo conviver com certas coisas que são discrepantes na minha opinião. Sou católico e não é pelo fato de pertencer a essa igreja que eu deva abaixar a cabeça e aplaudir tudo que o papa e os demais membros eclesiásticos discursam. Posso até tá sendo hipócrita ao me declarar um católico praticante e não concordar com algumas coisas da doutrina religiosa, mas é que eu criei um vinculo particular e uma maneira própria de lidar com minha fé. Em relação ao ritual da morte de Jesus não acho uma situação bela, é sim algo incomodo e ruim de ver, totalmente indigno de se lembrar pois é um capítulo vergonhoso em que uma grnde multidão condena à morte um inocente. Reviver essa agonia é uma forma de intensificar o sentimento de compaixão e de temor no povo e uma maneira de chocar quem anda com sua fé abalada. Prefiro lembrar do Filho de Deus por sua Ressurreição, seus milagres, por suas palavras. Pois é... esse meu comentário pode ser irrelevante pra vc, pois acho q não compartilhamos das mesmas crenças, mas o q vc disse é muito coerente que precisei escrever algo pra reafirmar e expor meu ponto de vista. [Mesmo aplaudindo sua argumentação]E não importa ser cristão, mulçumano ou o que for, o impotante é valorizar e ter fé na vida!

    ResponderExcluir
  3. Caro Guilherme Edilson, obrigado pelo comentário. Que de forma nenhuma é irrelevante, pelo contrário, é extremamente interessante e ilustra o ponto de vista de um católico praticante sobre o tema. Fui católico por muitos anos e entendo seu ponto. Também não acho que alguém deva seguir cegamente uma doutrina ou que seja hipocrisia não fazê-lo. Hipocrisia é seguir algo em que não se concorda. Gostaria também de esclarecer que não tive com esse texto a intenção de criticar ou desmerecer a crença em Deus ou na religião em si, apenas evidenciar a celebração de um episódio de extrema violência. Novamente, gostei muito do comentário, obrigado!

    Valeu pelo comentário também Fernando!
    Abraços.

    ResponderExcluir
  4. Ilustre Daniel, tudo tranquilo?

    Mudou e desapareceu? Tá se virando de boa por aí?

    Sobre o post, nada a declarar, um post bem a la "Daniel Abreu"... Mas é interessante notar que a maioria das pessoas que usam esses adornos (como a cruz) não chega nem a pensar nessas coisas.

    Até a próxima crítica...

    ResponderExcluir
  5. Caro David! Como vai? Obrigado pelo comentário. Fico muito feliz por saber que acompanhe o blog.
    As pessoas quase nunca pensam mesmo. E quando o assunto é religião, pensam menos ainda.
    Perdoe a demora em responder, tive problemas com a internet e acabei esquecendo.Aguardo novos comentarios. Obrigado cara!
    Um grande abraço!

    ResponderExcluir