domingo, 27 de março de 2011

Daniel....

Daniel, Daniel,
não se mate.
Sua solidão, sua melancolia.
Sua irritação corriqueira,
Seu tédio, sua chatice.
Não se engane,
São duradouros.
Mas nos dias que se arrastam longos,
há poucas horas de bom tempo.
Pedras mínimas de ouro
Que catadas com cuidado,
Fazem valer à pena.
Não sei o que.
Fique firme Daniel.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Termos Ridículamente Corretos.

Porque tudo o que vamos fazer tem que ser coberto por uma camada de hipocrisia? Como se já não bastasse termos que fingir que gostamos de coisas e de pessoas de quem não gostamos e assumir posturas com as quais não concordamos, agora também temos que “enfeitar” nossas palavras, para soarem mais “aceitáveis” aos ouvidos sensíveis dos hipócritas.
Para começar, não existem mais negros, essa palavra é proibida. Agora são “afro-descendentes”. O que há de errado com a palavra “negro”? Uma ofensa depende do contexto e da forma em que se usa o termo. E que raios significa “afro-descendente”? Somos brasileiros! Todos nós somos afro-descendentes! Todos temos uma descendência genética, e nos raros casos em que esta não existe, existe ainda a descendência cultural que é muito mais importante!
Não existem mais aleijados. São “deficientes físicos”. Aleijados, um termo que está na bíblia cristã. "Jesus curou os aleijados." Palavra simples, direta. Não diminui o valor de ninguém.  Cegos agora são “deficientes visuais”.  E os viciados?  Agora são “pessoas com transtorno do abuso de substâncias”. Que porra é essa? Parece que é algo mais tranqüilo, corriqueiro.  –Verdade que você é viciado em crack?  - Não, eu tenho transtorno do abuso de benzoilmetilecgonina. - Ah, que susto! Achei que você fumava pedra. -É, eu fumo. Mas não sou viciado.
Não existem mais pobre, agora são “pessoas de baixa renda”, não existem mais gordos, agora são “acima do peso”. Os anões acabaram. São “pessoas de baixa estatura”. Velhos agora são “indivíduos da terceira idade” ou pior ainda “da melhor idade”. Envelhecer faz parte da vida. É algo natural. Morrer também é. Mas esqueci que as pessoas não morrem, elas “vão para um lugar melhor”. E também não cagam, elas “evacuam”. Termo ótimo! Apenas dá a impressão de que as merdas estão saindo desesperadas de um prédio que está sendo demolido.
-Ah, mas são termos pejorativos! - Choram os imbecis de plantão. Não. São termos bem esclarecidos que definem condições. Não há nada de errado nisso. Ao contrário, é por isso que devemos usá-las. Facilitam o entendimento. Mas não, todos preferem usar nomes longos e confusos que nos fazem não ter idéia nenhuma sobre o que tratam.  Mas que de alguma forma, esses termos vazios de significado, amansam os humores de um bando de chiliquentos que não suportam lidar com as coisas da forma que elas realmente são. Mas isso também tem outra justificativa para essas pessoas. É que também não existem mais pessoas burras. Agora são “indivíduos com dificuldades no aprendizado”. Sorte deles.



quarta-feira, 16 de março de 2011

Definições

Criamos nomes e definições para facilitar o entendimento das coisas. Quando alguém nos fala sobre uma bicicleta, a nome “bicicleta” junto com o significado da palavra, nos faz entender sobre o que o indivíduo trata. Apesar de que nunca vamos imaginar o mesmo objeto da mesma forma que outra pessoa. Pois bem.
Então damos qualidades às coisas. Algo é bonito, feio, grande, pequeno, largo, pesado, colorido, comprido, útil, adequado, caro, conveniente, difícil, barulhento, chato, demorado e por aí vai. Porém o que muita gente não sabe, é que por si só, essas palavras não fazem nenhum sentido. Os adjetivos são sempre termos comparativos, e muitas vezes subjetivos. Algo é bonito, dependendo da minha definição de beleza e em comparação com as coisas que pra mim são feias. Algo é pesado, em comparação com o que é leve, e baseado no meu entendimento do que seja pesado.
Isso nos traz algumas complicações. Por exemplo, o que é "PERFEITO"?  Não temos nenhum padrão de comparação. Não há nada que tenha por característica ser completo em todos os sentidos. Não temos conhecimento absoluto para dizer que algo é ausente de defeitos. É apenas um termo vago que usamos quando queremos dar ênfase em alguma característica. O mundo não é perfeito. A natureza não é perfeita. Deus, em nenhuma forma de crença ou entendimento, pode ser perfeito. Pelo simples fato de que não temos parâmetro de comparação. Perfeição é apenas uma idéia. O platô das qualidades.
O "Tudo ou nada" não existe na realidade. São símbolos dos extremos. O que existe é o espectro entre os limites de todas as características. Nada é completamente belo ou completamente feio. Nada é totalmente certo ou totalmente errado. Tudo não passa de definição e classificação. Criamos essas idéias, com o simples intuito de facilitar a comunicação e o entendimento.
Mas você pode argumentar comigo, que algo pode sim ser completamente ruim. Como estuprar crianças. Porém, para nós é difícil extrapolar os limites da ética e da preservação da vida para imaginar uma forma em que isso seja “menos ruim”. Isso para os seres humanos normais é sempre ruim. Devido à compaixão inerente à nossa espécie. Mas também não é o limite do ruim. O que digo, não é que algo não possa ser apenas ruim, ou apenas bom, por exemplo. Mas que precisa de comparação. E sempre pode ser mais extremo. (Pior, melhor ,mais bonito ,mais feio...)
Por isso, desacredito qualquer tipo de “plano superior” de que qualquer coisa seja “especial” ou sequer “extraordinária”. Tudo é apenas um conjunto de “o quês” com “quems” em um “aonde”. Todo o resto fica por conta da probabilidade e da forma com que definimos e interpretamos as coisas. O mundo é  simplesmente caótico.

domingo, 13 de março de 2011

Quem gosta de poemas?

De pé no ponto de ônibus
Acendo um cigarro
Bebo um café
E invoco um poema que
Sei que vou esquecer
Surdo pelo barulho
Pessoas conversam
Um carro buzina
Uma menina chora
Penso nela por um instante
Decido não pensar mais
Penso em minha mãe,
Sinto falta dela,
 minha família.
Olho uns rostos
Umas bundas
Tudo o que tenho está comigo
Alguns trocados
Que vão me garantir até o fim de semana
Uns papeis velhos
o maço de cigarros.
Acabo meu cigarro vagabundo
Bebo meu café sem doce
Esqueço o poema
O ônibus chegou
Afinal,
 quem é que gosta de poemas?