Não é novidade
para ninguém que a cultura tem um peso enorme em nossas ações e ideias. O que
impressiona é como algo intangível nos influencia ao ponto de termos como
certamente nossos, valores que nos foram introduzidos imperceptivelmente. Com o
feriado, uma amostra de tal valia, acabou por revelar-se.
Por mais que
passe dias de folga lendo, escrevendo, desenhando, tocando violão, assombra-me
um sentimento de inutilidade. Como se não estivesse produzindo nada. Como se
fosse meu dever como ser humano nessa terra, produzir alguma coisa. E pior,
como se o que eu faço com meu tempo livre fosse não apenas absolutamente
irrelevante, mas também de alguma forma, prejudicial.
Mesmo que ler,
escrever, tocar um instrumento musical, realizar tarefas domésticas ou até as
ocupações mais supérfluas como passar o dia deitado assistindo desenhos
animados sejam fundamentais para crescimento cultural e qualidade de vida, é
fatal a sensação de vadiagem e procrastinação. Porque não há horários a serem
cumpridos, não estou executando tarefas, obedecendo a ordens e ninguém irá
avaliar meu desempenho. O tipo de função que ocupa nosso tempo, gerando a
sensação de que somos importantes e necessários. Ledo devaneio. Jamais
desperdiçarei tantos dias quanto no trabalho ou em todos os níveis escolares
que me atarefam desde sempre.
Porém ao
ponderar, percebo que o pior de tudo, não é o sentimento de inutilidade que
citei inicialmente. E sim o de culpa por não compartilhar o juízo de que eu
deveria me preocupar em ser eficiente. Como se cada minuto do meu dia deva ser
empenhado em algo que obtenha um resultado tido como relevante por outrem, que
possa ser exibido para que prove o meu valor. Pudesse eu viver de vadiação, o
faria. Se bem que se me conheço, até nisso seria incapaz de me dedicar com
afinco.
Aproveitando o assunto, a quem interessar, um teste para identificar seu tipo de procrastinador:
ResponderExcluirhttp://www.playbuzz.com/sidartal10/que-tipo-de-procrastinador-voc
É baseado no livro de uma psicóloga chamada Linda Sapadin (“It’s About Time!: The Six Styles of Procrastination and How to Overcome Them”, Penguin Books, 1997).